Introdução
Costumo repetir uma frase que li há muitos anos: “desperdício é diferente de supérfluo”. O último são pequenos gastos com trivialidades que muitas vezes deixam o dia ou a vida mais leve. Já o primeiro é agir por impulso, gastando com coisas que não precisamos e, principalmente, não queremos.
Muitos me questionam por que é tão importante identificarmos essa diferença. A verdade é que, para criarmos uma poupança, renunciamos ao gasto presente para poder usufruir de um conforto no futuro. E a fórmula é muito simples: receitas – despesas = poupança.
Se não pudermos gerenciar o que gastamos com desperdício, podemos impactar de forma significativa o tempo necessário para construir uma reserva adequada para aposentadoria.
Façamos uma conta simples: digamos que todos os dias você come uma fatia de bolo na rua por R$10. O gasto de R$10 por dia pode parecer pequeno, mas, ao pensar em 252 dias úteis, isso se transforma em R$2.520,00 anuais com bolo. Talvez seja só o hábito de comer algo fora de casa, e não algo que você realmente aproveite.
Dados sobre consumo
Um estudo recente mostrou que 58% dos consumidores brasileiros admitem realizar compras por impulso regularmente, o que pode levar a desperdícios financeiros consideráveis. Entre as principais razões para isso estão o marketing digital e a facilidade de compras online, com 45% dos entrevistados afirmando que as promoções inesperadas influenciam diretamente suas decisões de compra. Além disso, 35% dos consumidores indicam que gastam em média 20% a mais do que o planejado em ocasiões como viagens e refeições fora de casa, o que pode comprometer o planejamento financeiro a longo prazo.
Segundo o IBGE, cerca de 30% das famílias brasileiras não conseguem poupar, muitas vezes devido à falta de controle sobre gastos pequenos e recorrentes, como o exemplo da fatia de bolo. Pequenos desperdícios, quando acumulados, podem representar uma grande parte do orçamento familiar, dificultando a formação de uma reserva financeira.
Como nos prevenir de realizar tantos desperdícios?
Primeiro, precisamos tomar muito cuidado para não nos enganar: “ah, isso é algo que me faz feliz!” é um argumento comum usado para justificar qualquer tipo de compra, sem considerar a real necessidade. Agir dessa forma é similar ao comportamento impulsivo de uma criança que deseja algo sem pensar nas consequências.
Em segundo lugar, é essencial realizar um acompanhamento rigoroso de receitas e despesas. Essa é a forma mais precisa de identificar onde você está gastando e onde pode cortar. Aplicativos de finanças pessoais podem ajudar nesse processo, facilitando o controle dos gastos e a visualização das oportunidades de economia.
Por último, mas não menos importante, é necessário estar consciente de que, com um smartphone na palma da mão e a conectividade cada vez maior, as empresas conseguem rastrear nossos hábitos e nos impactar no momento exato para consumir. Existem ferramentas para bloquear parte dessa propaganda, mas o exercício mais importante é a autoavaliação: “realmente preciso comprar isso?”
Conclusão
Desperdícios podem parecer insignificantes no dia a dia, mas, acumulados ao longo do tempo, podem comprometer uma parte relevante das finanças pessoais. A solução para evitar o desperdício começa com a consciência de nossos hábitos de consumo e um planejamento financeiro adequado. Pequenos cortes em hábitos diários podem gerar uma economia significativa ao longo do ano. Se formos capazes de distinguir o que é supérfluo do que é realmente desperdício, estaremos no caminho certo para construir uma reserva sólida para o futuro. Procure um dos nossos assessores e evite o desperdício.