“Psicologia Financeira” de Morgan Housel é uma leitura essencial para qualquer investidor que procura entender melhor a dinâmica complexa entre finanças e comportamento humano, como já dissemos.
A premissa do livro é que “o sucesso financeiro tem menos a ver com a sua inteligência e muito mais a ver com o seu comportamento”.
Um exemplo contado no livro é a história de Ronald James Read, um americano que era faxineiro e frentista. Ele acumulou um patrimônio de US$8 milhões apenas investindo seu dinheiro ao longo de muitos anos. A vida simples e o hábito de investir foram a chave do sucesso. Além disso, os juros compostos fizeram o restante do trabalho
Housel examina os fatores psicológicos que influenciam as decisões de investimento que fazemos e, mais importante, como essas decisões podem muitas vezes levar a resultados financeiros inesperados.
O livro tem 20 capítulos que ele considera ser uma das características mais importantes da psicologia financeira. Dessa forma, podem ser lidos de forma independente.
Nesse sentido, iremos abordar 3 deles e quais lições podemos extrair:
Nada é o suficiente
“Mesmo quem já é rico comete loucuras.”
No livro, o autor cita duas histórias como exemplos dos perigos de não se ter o suficiente: o caso Madoff e Rajat Gupta.
Ambos eram extremamente ricos, tinham prestígio e poder com seus negócios legítimos construídos ao longo do tempo. Apesar disso, cometeram crimes para ganharem ainda mais dinheiro que não precisavam, e ambos foram presos.
Então, como você sabe que o que você tem é suficiente? Housel enumera 4 coisas para se ter em mente:
Ao lidar com dinheiro, a coisa mais difícil a fazer é parar de reajustar as metas para cima o tempo todo.
“Se as expectativas aumentam graças aos resultados positivos, não há lógica em correr atrás de mais, porque, no fim das contas, você vai acabar sempre com o mesmo sentimento”.
A comparação social é a questão.
Sempre haverá alguém que ganha mais dinheiro que você. Ninguém entra em um jogo para perder, porém esse é o caso em que ganhar é impossível. A chance é 1 em 7 bilhões.
“Suficiente” não é pouco.
Ter ambição insaciável por mais irá leva-lo ao arrependimento. A única maneira de saber o quanto você aguenta comer é comendo até passar mal. No entanto, poucos fazem isso porque, por melhor que seja a comida, vomitar não compensa. Essa lógica se aplica igualmente nos investimentos e nos negócios.
Há muitas coisas que não valem a pena arriscar nunca, independentemente do ganho em potencial.
Reputação, liberdade, família e amigos, felicidade. Todas essas coisas têm valor inestimável e jamais devem ser comprometidas por questões financeiras.
Conforme afirmou o comediante Jim Carrey quando anunciou sua aposentadoria surpresa em uma entrevista ao vivo:
“Isto é algo que você provavelmente não vai ouvir de nenhuma outra celebridade enquanto o tempo existir: eu tenho o suficiente, eu fiz o suficiente e eu sou suficiente.”
Fortuna é aquilo que você não vê
“Gastar dinheiro para mostrar às pessoas quanto dinheiro você tem é a forma mais rápida de ter menos dinheiro.”
Fortuna é aquilo que você não vê. A única certeza quando você vê algum bem material é que aquela pessoa é, na verdade, aquele valor menos rica. Ou seja, fortuna são os carros de luxo não adquiridos, os diamantes não comprados. A verdadeira fortuna reside nos ativos financeiros que ainda não foram convertidos em coisas visíveis.
A única forma de acumular fortuna é não gastar o dinheiro que você tem. Acima de tudo, essa não é apenas a única forma, como também é a própria definição de fortuna em si.
Guarde dinheiro
“O único fator sobre o qual você tem controle gera uma das únicas coisas que realmente importam. Que maravilha.”
As pessoas precisam se convencer a guardar dinheiro. Acumular fortuna tem menos a ver com rendimentos e mais a ver com quanto você economiza regularmente.
Os retornos dos investimentos podem sim torná-lo rico, apesar de ser uma variável que você não controla. Gastar menos e poupar é o que está sob seu controle.
Housel argumenta que as pessoas não são totalmente racionais quando se trata de dinheiro. Em vez disso, influências variadas moldam nossas decisões financeiras, abrangendo desde o viés de confirmação até a aversão à perda, passando pelo efeito manada.
Para quem busca aprofundar a compreensão dos mecanismos psicológicos que orientam as decisões financeiras e como aplicá-los para obter sucesso nos investimentos, a leitura de “Psicologia Financeira” de Morgan Housel é indispensável.