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Categorias: Tecnologia

O Futuro da Inteligência Artificial

Difícil escrever algo sobre Inteligência artificial hoje e não ser sugado para as visões utópicas dos “tecno-evangelistas” ou distópicas dos “tecno-catastrofistas”. A grande maioria dos textos sobre o assunto termina ou abundância infinita ou com o exterminador batendo na nossa porta.

Como em boa parte das questões complexas, os extremos possuem alguns elementos de veracidade e uma boa dose de exagero. Na minha humilde opinião, o caminho futuro mais provável inclui partes das duas narrativas: grandes oportunidades e desafios.

“I would rather have questions that can’t be answered than answers that can’t be questioned.”
Richard Feynman

Uma definição (um tanto que arbitrária)

Com tantos termos novos: redes neurais, algoritmos generativos, machine learning etc. A primeira pergunta a se fazer é: “afinal de contas, o que é IA?”.

Aqui já caímos na primeira armadilha, a verdade é que o próprio conceito de inteligência possui várias definições, mas para efeitos práticos vamos assumir que IA é a aplicação de algoritmos sobre uma quantidade maciça de dados, estruturados ou não, para realizar uma tarefa específica.

Tecnologia de Propósito Geral (TPG)

Do ponto de vista econômico, IA é aquilo que chamamos de tecnologia de propósito geral.

Podemos pensar na eletricidade ou no motor a vapor: uma tecnologia sobre a qual novas invenções são possíveis. Em todos os precedentes históricos, uma TPG é associada ao crescimento da produtividade, servindo como o estopim para uma onda de novas criações. Dessa forma, se seguirmos o padrão histórico, o crescimento deveria acelerar ao longo do tempo.

IA e Investimentos

Assumindo que o crescimento acelera, então basta “surfar” essa onda tecnológica? Não mesmo. A verdade é que disrupções tecnológicas criam grandes ganhadores e perdedores. Os negócios que conseguirem se adaptar ao novo padrão devem prosperar, já para os perdedores o fim será rápido, basta pensar em quão rápido a Blockbuster deixou de existir.

Não devemos subestimar o quão complexo pode ser para uma empresa se adaptar ao novo paradigma. Aqui existe uma “assimetria” interessante: enquanto os ganhadores podem ser difíceis de identificar (ou já incorporar em seus preços todo o benefício futuro), saber quem são os perdedores pode ser bem mais fácil.

IA e a Sociedade

Uma discussão premente é qual o impacto dessa nova tecnologia na sociedade. Os mais otimistas dirão que todo progresso tecnológico é positivo para a sociedade. O progresso nada mais é que a tecnologia em movimento. Verdade, mas o fato de ser positivo para o todo, não significa que é positivo para todos. Um dos grandes perdedores parece ser o mercado de trabalho. Um estudo da McKinsey aponta que até 2050 metade dos trabalhos podem ser automatizados.

Aqui a história novamente pode ser um guia útil. Ao longo do tempo, novos empregos serão criados em atividades que nem sequer imaginamos atualmente e o mercado encontra um novo equilíbrio. O problema é que o processo de transição não é necessariamente suave.

Outro ponto é nossa capacidade de absorver e interagir com novas tecnologias. Quem aqui já não buscou algo na internet e se viu inundado com respostas, muitas delas contraditórias. O termo que se usa é que vivemos em um “mar de dados e deserto de informação”. Em português claro: a interpretação vale muito mais do que a disponibilidade dos dados. O que cria a necessidade de nos prepararmos (educação) como sociedade para sermos capazes de interpretar e interagir com novas tecnologias.

O progresso nada mais é que a tecnologia em movimento.

Resumo

Vivemos em um momento extraordinário do ponto de vista tecnológico. A inteligência artificial permitirá progressos enormes em quase todos os campos, da medicina, à agricultura, indústria, etc… Difícil pensar em um setor que não será afetado. Os benefícios para a sociedade serão amplos, mas o processo não será desprovido de desafios.

Como todo progresso, veremos grandes ganhadores e perdedores. E isso se dará em velocidade digital, ou seja, o tempo para adaptação será curto. Abraçar cegamente as visões utópicas ou catastrofistas não parece ser muito sábio. O papel que nos cabe é nos prepararmos da melhor forma possível de tal forma que possamos minimizar os efeitos negativos e nos beneficiar da nova onda de progresso.

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Artur Wichmann

Artur acumula 25 anos de experiência profissional, dos quais 10 foram fora do Brasil. Durante seu percurso, exerceu o papel de gestor de estratégia de ações globais na Verde Asset Management e, atualmente, ocupa o cargo de Chief Investment Officer na XP Private.

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